Sentou-se nas escadas e olhou as montanhas. Sentiu o vento nos cabelos, enquanto as lágrimas caiam...Foi tão difícil deixar para trás tantas coisas…A vida intensa e cheia premiou-a com tanto, mas no final de cada prémio vêem as lágrimas. A tristeza abateu-se em momentos, aonde as recordações se embrulhavam com os cristais que escorriam do seus olhos.
Onde o mar de sentimentos presos se suspendia no interior, a única vazão possível para a dor e o nó na garganta, seriam estas lágrimas…
Num mundo cada vez mais desumanizado, mais frio e mecânico. Num mundo aonde o dinheiro, a inveja impera …Ela deu-se por inteiro. Assumiu sempre ser quem é perante alguém.
Tal como o fez com as suas crianças, tal como o fez com os seus animais, tal como o fez com todos.
A vida brindou-a com tanto, mas tanto… Um mundo de sorrisos e alegrias, com filhos, com um trabalho que a completava e que ela amava, com o carinho das milhentas amizades colhidas pelo mundo fora. Sem fronteiras, sem barreiras…
A vida deu-lhe tudo, porque ela nunca pediu nada. Só recebeu.
Agarrou cada dádiva, cada pequeno “nada” e fez dele um momento mágico.
Pegou na dor e converteu-a num ensinamento.
Regou as manhãs com a água das chuvas ou o calor do Sol.
Viveu, intensamente cada momento. Chorou intensamente cada momento. Sofreu intensamente cada momento…
Amou intensamente quem somente a desejou …
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