sábado, 17 de julho de 2010

Posso ...


Posso escrever os versos mais tristes esta noite


Eu a quis e por vezes ela também me quis


Em noites como esta, apertei-a em meus braços


Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito


Ela me quis e as vezes eu também a queria


Como não ter amado seus grandes olhos fixos ?


Posso escrever os versos mais lindos esta noite


Pensar que não a tenho


Sentir que já a perdi


Ouvir a noite imensa mais profunda sem ela


E cai o verso na alma como orvalho no trigo


Que importa se não pode o meu amor guardá-la ?


A noite está estrelada e ela não está comigo


Isso é tudoA distância alguém canta.


A distânciaMinha alma se exaspera por havê-la perdido


Para tê-la mais perto meu olhar a procura


Meu coração procura-a, ela não está comigo


A mesma noite faz brancas as mesmas árvores


Já não somos os mesmos que antes havíamos sido


Já não a quero, é certoPorém quanto a queria !


A minha voz no vento ia tocar-lhe o ouvido De outro.


será de outroComo antes de meus beijos


Sua voz, seu corpo claro, seus olhos infinitos


Já não a quero, é certo,


Porém talvez a queira


Ah ! é tão curto o amor, tão demorado o olvido


Porque em noites como esta


Eu a apertei em meus braços,


Minha alma se exaspera por havê-la perdido


Mesmo que seja a última esta dor que me causa


E estes versos os últimos que eu lhe tenha escrito.


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